As florestas sagradas que protegem igrejas e resistem ao desmatamento na Etiópia

Na pequena cidade de Debre Tabor, ao norte da Etiópia, um grupo de crianças ouvia atentamente uma história sob a sombra fresca de um zimbro centenário. Não era uma cena incomum — ali, nas florestas que abraçam igrejas ortodoxas, a vida pulsa em harmonia com a natureza. 

À medida que um grupo de pesquisadores estrangeiros se aproximava, liderado pela ecologista Catherine Cardelús (Universidade Colgate, EUA) e pelo cientista Bernahu Tsegay (Universidade Bahir Dar, Etiópia), as crianças correram ao encontro dos visitantes, pulando sobre uma parede de pedra baixa com a curiosidade de quem se sente em casa. E de fato estavam. 

Conheciam cada árvore, cada trilha, cada som da floresta. Cresceram ali. E, sem saber, eram guardiãs de um patrimônio natural que hoje se revela essencial para o futuro do planeta. 

Muito além da sombra: árvores como solução climática 

O que pode parecer uma cena simples de interior africano, na verdade carrega uma resposta poderosa para um dos maiores desafios da humanidade: a crise climática. 

Estudos recentes confirmam o que a experiência já demonstra há séculos: plantar árvores é uma das formas mais eficazes de capturar carbono da atmosfera e ajudar a frear o aquecimento global. Além de absorver CO₂, as árvores também regulam a temperatura, protegem o solo, mantêm a umidade e conservam a biodiversidade. 

As florestas etíopes em torno de igrejas resistiram ao desmatamento não por força de leis ambientais, mas por fé. Nessas comunidades, a natureza é vista como sagrada — e isso tem garantido sua preservação por gerações. 

Plantar é mais do que semear: é regenerar 

A cena das crianças etíopes nos mostra algo fundamental: o plantio de árvores não pode ser apenas um ato isolado — ele precisa estar enraizado em cultura, educação e conexão com o território. 

O reflorestamento de verdade acontece quando comunidades participam, compreendem e se apropriam desse processo. Quando cada árvore representa abrigo, alimento, história e futuro. 

É por isso que, na nossa atuação com Gestão Ambiental, acreditamos que plantar árvores é apenas o começo. O verdadeiro impacto vem com projetos integrados, planejados, tecnicamente viáveis e socialmente conscientes. 

Um chamado à ação 

A crise climática é urgente. Mas a boa notícia é que a natureza ainda nos oferece soluções. E as árvores estão entre as mais acessíveis, resilientes e poderosas delas. 

Seja em grandes projetos de reflorestamento ou em ações locais com valor simbólico e ambiental, plantar árvores pode — e deve — ser parte central da nossa resposta à emergência climática. 

Porque quando uma criança cresce em meio à floresta, ela aprende a cuidar do mundo. E talvez seja justamente isso que o planeta esteja nos pedindo agora.